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terça-feira, 26 de outubro de 2010

Os nervos cranianos e a deglutição

 Por Sabrina Leão
O nervo Facial é o VII par craniano.
Para a deglutição é necessária a coordenação entre seis nervos cranianos, vindos do tronco cerebral, córtex e cerca de vinte e seis músculos da boca, faringe e esôfago. Trata-se portanto um processo sensóriomotor.
    
Os nervos tem a função de levar o estímulo até o cérebro. Os músculos participantes da deglutição recebem os impulsos enviados pelo córtex. Este, decide se a deglutição é necessária naquele momento ou não, inibindo toda a movimentação desnecessária quando existe a decisão para deglutir, ativando os reflexos.
    
O complexo estrutural responsável pela deglutição inclui estruturas anatomo-funcionais ósseas (maxilar, mandíbula, coluna cervical e osso hióide); cartilagens laríngeas (epiglote, tireóide, cricóide, aritenóides, corniculadas e cuneiformes); estruturas musculares (língua e mais 31 pares de músculos associados às fases oral e faríngea, em especial os músculos supra-hióides digástrico e estilo-hióideo e os músculos infra-hióides incluindo a membrana tireo-hióidea); pares cranianos (V, VII, IX, X e XII) e nervos cervicais.
    
A seguir, os pares cranianos participantes da deglutição e suas respectivas funções:
V par - Trigêmio: mastigação, gustação, sensibilidade da cavidade oral.
VII par - Facial:  mastigação, gustação, sensibilidade da cavidade oral.
IX par - Glossofaríngeo: influência sobre as estruturas velofaríngeas, inervação sensitiva de orofaringe e estruturas velofaríngeas.
X par - Vago: inervação motora de toda a laringe, inervação sensitiva da hipofaringe laringe.
XII par - Hipoglosso: movimentação lingual.

domingo, 17 de outubro de 2010

Presbifagia: a disfagia no idoso

A presbifagia caracteriza-se pelas modificações e alterações na condução do bolo alimentar nos indivíduos saudáveis que se encontram na fase do envelhecimento.
     A estimativa da prevalência de disfagia em idosos é variável. Na Europa, acomete de 8% a 10% das pessoas com mais de 50 anos. Nos Estados Unidos, estima-se que esta prevalência seja de 6,9%. Tais índices são mais elevados entre pacientes residentes de casas de repouso, chegando a 30% a 40%. (Freitas et al, 2007)
     No idoso, a disfagia pode ser causada pelo envelhecimento associado à doenças sistêmicas. Os transtornos alimentares nesta população podem resultar não somente em doenças faringoesofágicas, mas também em distúrbios não associados com o trato gastrointestinal, associados a problemas cognitivos, físicos, doenças dentais, osteoporose afetando a mandíbula e deterioração dos músculos da mastigação.
         Bigal et al (2007), em seu estudo sobre a dinâmica da deglutição em idosos, encontraram na fase oral os seguintes sintomas: alteração no vedamento labial; descontrole do bolo; trânsito oral lentificado; tremor labial e lingual; acúmulo de resíduos no vestúbulo, redução da elevação laríngea e rigidez mandibular.
     Marcolino et al (2009), acredita que os principais sintomas na fase oral são: aumento da quantidade de tecido conjuntivo da língua, perda da dentição, redução da força mastigatória e prolongamento da fase orofaríngea. Já na fase faríngea os principais sintomas seriam: redução do grau de elevação anterior da laringe, atraso no início da excursão hiolaríngea, discreto aumento do trânsito faríngeo (sexo feminino) e aumento da duração da onda de pressão faríngea (sexo masculino). E na fase esofágica maior duração devido ao maior tempo de relaxação do esfincter esofágico superior.
     Tais alterações influenciam negativamente toda a dinâmica da deglutição. Para a deglutição segura, portanto, é essencial a integridade anatomofuncional de todos os órgãos, músculos e nervos. Para Bigal et al (2007), a desarmonia entre as vias aferente e eferente ou a interferência em qualquer estágio da deglutição pode resultar em disfagia.
     A fase faríngea depende da contração descendente dos músculos constritores faríngeos para impulsionar o bolo. Neste momento, a laringe deve fechar-se e e elevar-se a fim de evitar a penetração ou aspiração do alimento. O esfíncter esofágico superior relaxa, permitindo a passagem do alimento para a fase esofágica. No idoso, este mecanismo já não acontece com tanta precisão.
     A propulsão oral ineficiente ou a redução da contração da musculatura faríngea resulta em retenção de alimento em valécula, fazendo-se necessária uma nova onda propulsiva a fim de impulsionar o bolo.
     A diminuição da tonicidade muscular resulta em diminuição na efetividade do esvaziamento farígeo, já  a dilatação faríngea predispõe ao aparecimento do divertículo, enquanto que a flacidez dos ligamentos diminui a amplitude de elevação e abaixamento da laringe e abertura do esfíncter esofágico superior.
     O atraso do reflexo da deglutição ocasiona: estase em valéculas e recessos piriformes, com risco de penetração ou aspiração laríngea, alterações da mobilidade faríngea e da função do músculo cricofaríngeo.
     A diminuição da elevação laríngea deixa as vias aéreas “desprotegidas”, permitindo a penetração ou aspiração dos alimentos pela laringe. Alteração na mobilidade laríngea pode estar relacionada à diminuição de tônus muscular, muito frequente em idosos. Esta hipotonia, leva à diminuição na efetividade do esvaziamento faríngeo e amplitude de elevação e abaixamento da larínge.
     A diminuição da elevação laríngea pode estar associada à diminuição do limiar de excitabilidade do reflexo de deglutição. Marcolino et al (2009) associam o atraso no disparo do reflexo à alterações no transporte do bolo alimentar da cavidade oral para a faringe, alterando a fase oral. Observa-se assim que a diminuição do tônus muscular pode contribuir para alterações na fase oral e faríngea da deglutição e, consequentemente, no atraso do reflexo e diminuição da elevação laríngea.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

O que é a válvula de fala


A válvula de fala é indicada aos pacientes traqueostomizados ou dependentes de ventilador mecânico que tem a capacidade de articular fonemas.
     Para a sua indicação é necessária uma avaliação multiprofissional, pois é de suma importância que o paciente não esteja apresentando riscos de aspiração, devendo consequentemente ter o reflexo da deglutição presente e adequado. O uso da válvula beneficia os pacientes que são portadores de malformações de laringe e de traquéia congênitas ou adquiridas; doenças respiratórias (apnéia do sono, displasias broncopulmonares, doença pulmonar obstrutiva crônica, insuficiência respiratória aguda); vasculares (acidente vascular cerebral, neoplasias cerebrais, afecções cardíacas); traumáticas (traumatismo cranioencefálico, raquimedulares, ferimento por arma de fogo, contusões pulmonares) ou degenerativas (miastenia gravis, distrofia muscular, esclerose lateral amiotrófica, esclerose múltipla, síndrome de Guillain-Barré e AIDS).
     É contra indicada para casos de laringectomias totais, paralisia bilateral de pregas vocais, estenoses laríngeas e traqueais graves, para pacientes em estado clínico grave e casos de nível cognitivo rebaixado.

Vantages: aumento da ventilação e oxigenação, filtragem aérea prevenindo infecções, diminuição das secreções, aumento da sensação olfatória, diminuição do esforço vocal, aparecimento ou retomada da fala com som, emissões mais longas e mais fortes, prosódia e qualidade vocais mais normais e ajuda no processo de desmame do ventilador e traqueostomia. Também atua na restauração da pressão positiva fisiológica, melhorando a deglutição, mas sua principal vantagem é o baixo custo e sua praticidade. Resulta em uma melhora considerável na qualidade de vida do paciente, pois o mesmo passa a comunicar-se verbalmente, sendo compreendido pela equipe médica e seus familiares, ajudando a reduzir seu tempo de internação.
É importante destacar que durante o primeiro teste de colocação da válvula de fala o fisioterapeuta esteja atuando em conjunto com o fonoaudiólogo, pois podem ser necessários ajustes no ventilador durante a colocação da mesma.

Benefícios: fala com sonoridade (o ar passa a ser redirecionado para as pregas vocais); melhora da deglutição; auxílio na decanulação; maior controle sobre as secreções; melhora do olfato; melhora da pressão pulmonar; melhora do paladar; fala ininterrúpta e com maior intensidade, sem precisar ocluir com o dedo o traqueostoma.

Bibliografia consultada: Vidigal e Gonçalves. Pacientes traqueostomizados e dependentes de ventilador. In: Furkim e Santini. Disfagias Orifaríngeas. Vol.1. 2008.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Conheça a Videofluoroscopia: exame da dinâmica da deglutição

 
A videofluoroscopia é um exame simples que ainda busca reconhecimento. Trata-se de uma radiografia filmada que se movimenta em tempo real. O operador da máquina pode ainda gravar o exame em dvd, possibilitando que seja assistido inúmeras vezes sem a necessidade de nova exposição do paciente à radiação.
     O paciente toma um costraste de bário misturado a consistência alimentar a ser testada (líquido, pastoso ou sólido) e segue as orientações para se movimentar em frente ao aparelho, em tomadas de frente e de perfil. É possível visualizar as alterações da cavidade oral até o estômago.
     Também conhecido como Videodeglutograma, o método é considerado de padrão ouro para o estudo da deglutição.