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domingo, 17 de outubro de 2010

Presbifagia: a disfagia no idoso

A presbifagia caracteriza-se pelas modificações e alterações na condução do bolo alimentar nos indivíduos saudáveis que se encontram na fase do envelhecimento.
     A estimativa da prevalência de disfagia em idosos é variável. Na Europa, acomete de 8% a 10% das pessoas com mais de 50 anos. Nos Estados Unidos, estima-se que esta prevalência seja de 6,9%. Tais índices são mais elevados entre pacientes residentes de casas de repouso, chegando a 30% a 40%. (Freitas et al, 2007)
     No idoso, a disfagia pode ser causada pelo envelhecimento associado à doenças sistêmicas. Os transtornos alimentares nesta população podem resultar não somente em doenças faringoesofágicas, mas também em distúrbios não associados com o trato gastrointestinal, associados a problemas cognitivos, físicos, doenças dentais, osteoporose afetando a mandíbula e deterioração dos músculos da mastigação.
         Bigal et al (2007), em seu estudo sobre a dinâmica da deglutição em idosos, encontraram na fase oral os seguintes sintomas: alteração no vedamento labial; descontrole do bolo; trânsito oral lentificado; tremor labial e lingual; acúmulo de resíduos no vestúbulo, redução da elevação laríngea e rigidez mandibular.
     Marcolino et al (2009), acredita que os principais sintomas na fase oral são: aumento da quantidade de tecido conjuntivo da língua, perda da dentição, redução da força mastigatória e prolongamento da fase orofaríngea. Já na fase faríngea os principais sintomas seriam: redução do grau de elevação anterior da laringe, atraso no início da excursão hiolaríngea, discreto aumento do trânsito faríngeo (sexo feminino) e aumento da duração da onda de pressão faríngea (sexo masculino). E na fase esofágica maior duração devido ao maior tempo de relaxação do esfincter esofágico superior.
     Tais alterações influenciam negativamente toda a dinâmica da deglutição. Para a deglutição segura, portanto, é essencial a integridade anatomofuncional de todos os órgãos, músculos e nervos. Para Bigal et al (2007), a desarmonia entre as vias aferente e eferente ou a interferência em qualquer estágio da deglutição pode resultar em disfagia.
     A fase faríngea depende da contração descendente dos músculos constritores faríngeos para impulsionar o bolo. Neste momento, a laringe deve fechar-se e e elevar-se a fim de evitar a penetração ou aspiração do alimento. O esfíncter esofágico superior relaxa, permitindo a passagem do alimento para a fase esofágica. No idoso, este mecanismo já não acontece com tanta precisão.
     A propulsão oral ineficiente ou a redução da contração da musculatura faríngea resulta em retenção de alimento em valécula, fazendo-se necessária uma nova onda propulsiva a fim de impulsionar o bolo.
     A diminuição da tonicidade muscular resulta em diminuição na efetividade do esvaziamento farígeo, já  a dilatação faríngea predispõe ao aparecimento do divertículo, enquanto que a flacidez dos ligamentos diminui a amplitude de elevação e abaixamento da laringe e abertura do esfíncter esofágico superior.
     O atraso do reflexo da deglutição ocasiona: estase em valéculas e recessos piriformes, com risco de penetração ou aspiração laríngea, alterações da mobilidade faríngea e da função do músculo cricofaríngeo.
     A diminuição da elevação laríngea deixa as vias aéreas “desprotegidas”, permitindo a penetração ou aspiração dos alimentos pela laringe. Alteração na mobilidade laríngea pode estar relacionada à diminuição de tônus muscular, muito frequente em idosos. Esta hipotonia, leva à diminuição na efetividade do esvaziamento faríngeo e amplitude de elevação e abaixamento da larínge.
     A diminuição da elevação laríngea pode estar associada à diminuição do limiar de excitabilidade do reflexo de deglutição. Marcolino et al (2009) associam o atraso no disparo do reflexo à alterações no transporte do bolo alimentar da cavidade oral para a faringe, alterando a fase oral. Observa-se assim que a diminuição do tônus muscular pode contribuir para alterações na fase oral e faríngea da deglutição e, consequentemente, no atraso do reflexo e diminuição da elevação laríngea.

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