quarta-feira, 1 de setembro de 2010

As disfagias

Por Sabrina Leão
 
O transtorno da deglutição, mais conhecido como disfagia, é um distúrbio que caracteriza-se por alterações no funcionamento de qualquer uma das fases ou etapas da deglutição, inviabilizando a passagem do alimento da cavidade oral até o estômago. È ocasionado por comprometimentos neurológico, mecânico ou psicogênico, podendo ser congênita ou adquirida.
    
As disfagias são classificadas de acordo com sua localização em orofaríngea e esofágica. A disfagia orofaríngea apresenta alterações da boca até o esfíncter cricofaríngeo. As causas mais frequentes de disfagia orofaríngea são mecânicas e obstrutivas causadas pelos tumores em cavidade oral, faringe e laringe. Os transtornos neuromusculares também são causas frequentes, destacando-se: acidente vascular encefálico (AVE), esclerose múltipla, esclerose lateral amiotrófica e a miastenia gravis. Outras possíveis causas são: prótese dentária em mal estado ou mal adaptada, ulcerações, xerostomia, efeitos da radioterapia e quimioterapia. Também pode ser classificada de acordo com sua fisiopatologia em funcional (ou motora) e mecânica (ou obstrutiva). A disfagia funcional apresenta-se na deglutição de sólidos e líquidos, podendo o trânsito do alimento ser beneficiado por algumas manobras e, em alguns casos, existe uma evidente sensibilidade a alimentos frios e quentes. A disfagia mecânica é persistente e muitas vezes progessiva, sendo mais marcante na deglutição de sólidos, ocasionando a regurgitação nasal, não tendo relação com a temperatura dos alimentos.
    
A disfagia orofaríngea caracteriza-se por sintomas como: desordem da mastigação, dificuldade de iniciar a deglutição, regurgitação nasal, controle da saliva diminuído, tosse e-ou engasgos durante e-ou após a refeição, dor no peito, globus faríngeos (sensação de alimento preso na garganta) além de sintomas como desidratação, desnutrição, tempo de refeição prolongado, diminuição do apetite e pneumonia aspirativa.
    
Segundo Cardoso & Fontoura (2009), as disfagias dividem-se em três graus distintos:
Leve: presença de tosse e-ou pigarro espontâneos e eficientes, com leves alterações orais e compensações adequadas. Há necessidade de orientações e modificações na dieta.
Moderada: tosse reflexa fraca ou ausente, presença de risco significativo de aspiração, tornando necessária a alimentação oral suplementada, por via alternativa.
Severa: impossibilidade de alimentação por via oral devido à engasgos com dificuldade de recuperação, presença de cianose ou broncoespasmo, tosse voluntária ineficiente e impossibilidade de iniciar o reflexo da deglutição.
    
A deglutição do idoso sofre mudanças em sua fisiologia que resultam em uma disfagia mais conhecida como presbifagia. As principais alterações da deglutição decorrentes do envelhecimento nas fases preparatória e oral são: aumento da quantidade de tecido conjuntivo da língua; perda da dentição e perda da redução da força mastigatória. Na fase faríngea os sintomas são: redução do grau de elevação laríngea; atraso no início da excursão hiolaríngea; discreto aumento do trânsito faríngeo (sexo feminino) e aumento da duração da onda de pressão faríngea (sexo masculino). A fase esofágica apresenta maior duração devido ao maior tempo de relaxação do esfincter esofágico superior.

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