“Função
orofacial é a atividade neuromuscular que gera forças mecânicas e ao processo
pelo qual essas forças são dissipadas pelos tecidos esqueléticos associados com
as ATMs.” (Hinton e Carlson, 2000 apud Felício, 2009)
Sem
a harmonia entre as estruturas orofaciais não existem comportamentos orofaciais
adequados, pois, o crescimento e desenvolvimento craniofacial é afetado,
influenciando negativamente toda a funcionalidade do sistema estomatognático.
Quando
a morfologia do indivíduo apresenta-se adequada, a normalidade das estruturas
gera forças favoráveis ao equilíbrio do sistema estomatognático. Na presença de
alterações estruturais, surge o distúrbio miofuncional orofacial, que altera o
padrão normal das funções de mastigação, deglutição e fala.
Na
presença de distúrbio miofuncionais orofaciais, o sistema estomatognático mesmo
apresentando alterações ,continua funcionando para realizar suas funções
vitais. Para isso, surgem padrões modificados de funcionamento tais como:
padrões atípicos, adaptativos e compensatórios.
O
padrão atípico, ou função atípica é
muito observado na deglutição. Segundo Marchesan (2005), a deglutição atípica
corresponde a “movimentação inadequada da língua e outras estruturas que
participam do ato de deglutir, durante a fase oral da deglutição. A deglutição
atípica é resultante de alterações de tônus, mobilidade, postura inadequada de
cabeça e alterações da propriocepção dos órgãos fonoarticulatórios.
A
diferença entre função atípica e função
adaptada é que a atípica tem origem neuromuscular enquanto a adaptada
possibilita um funcionamento compatível com a condição estrutural existente,
quando esta inviabiliza a realização dos padrões fisiológicos normais.
A
função apresenta uma atividade
compensatória quando existe algum dano no sistema estomatognático, sendo
realizada uma mudança no padrão normal, com objetivo de evitar traumas,
minimizar ou evitar dores e uma disfunção ainda maior.
Em
muitos casos uma compensação pode ser considerada uma adaptação, sendo que quase
sempre as alterações oclusais ou na ATM implicam em mudanças funcionais.
Segundo Felício (2009), a oclusão normal não pode se desenvolver sem a função
normal, e uma má oclusão grave não suporta as necessidades funcionais. Sendo
assim, as atipias geram alterações miofuncionais orofaciais que interferem
negativamente no crescimento e desenvolvimento craniofacial, resultando em
alterações oclusais. É importante enfatizar, porém, que o inverso também pode
ocorrer: uma má oclusão pode gerar adaptações que resultam em alterações
funcionais. Portanto, um quadro de má oclusão sempre apresentará alterações
miofuncionais orofaciais.
Bibliografia consultada: MARCHESAN,
I.Q. Fundamentos em Fonoaudiologia: aspectos clínicos da motricidade oral.
Guanabara Koogan, 2ª. Edição. Rio de Janeiro, 2005.
FELÍCIO,
C.M. Desordens temporomandibulares e distúrbios miofuncionais orofaciais. In:
FELÍCIO, C.M.; TRAWITZKI, L.V.V. Interfaces da medicina, odontologia e
fonoaudiologia no complexo cérvico-craniofacial. Vol. 1. Ed. Pró-Fono. Barueri,
2009.
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