sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Espessante alimentício: o fonoaudiólogo prescreve ou indica?

Os benefícios da indicação da consistência alimentar adequada ao paciente disfágico pelo fonoaudiólogo são indiscutíveis. Nossa atuação com esses pacientes – seja nos consultórios ou hospitais, seja participando diretamente das equipes de transtornos da deglutição – está cada vez mais em destaque e com crescente valorização. Esse é o fruto da atuação com seriedade que a Fonoaudiologia tem realizado ao longo dos últimos anos, apresentando os benefícios que o nosso desempenho proporciona junto aos transtornos da deglutição. A responsabilidade do fonoaudiólogo se torna cada vez maior e, para tanto, é necessário que a área se configure na atuação baseada em evidências, com crescentes pesquisas e indagações.
 
O fonoaudiólogo é o profissional responsável por prescrever a consistência alimentar indicada para o indivíduo disfágico, incluindo, quando necessário, a indicação do uso de espessante alimentício. Porém, não nos atentamos para a composição deste produto, que apresenta em sua composição um importante mineral para a nossa saúde, o sódio, que pode se tornar maléfico quando ingerido à saúde quando ingerido em altas doses por tempo prolongado. O uso excessivo do sódio pode causar alterações no metabolismo do indivíduo, com aumento da pressão arterial, insuficiência renal, entre outras. Diante desta realidade, será que podemos prescrever o espessante alimentar para qualquer paciente, em qualquer quantidade, por períodos prolongados? Não seria mais responsável discutir a indicação com outros profissionais da equipe, especialmente nutricionistas e médicos, para saber se a quantidade da substância que o paciente irá ingerir pode afetar a sua saúde?
 
Cabe ressaltar que alguns pacientes disfágicos só apresentam deglutição segura para a consistência pastosa, utilizando, assim, o espessante em grande parte da sua alimentação. Como atuar diante dos casos de pacientes disfágicos crônicos, sem o prognóstico de interromper o uso do espessante Vale lembrar que nos casos da necessidade de engrossantes podemos sugerir o uso de espessantes naturais; mas e para espessar a água? 
 
Diante desses múltiplos questionamentos, no mês de agosto de 2012, foi promovido o I Fórum Multidissiplinar sobre o uso de espessante alimentar em pacientes disfágicos, em uma parceria estabelecida entre a equipe de fonoaudiologia do Complexo Hospitalar de São Bernardo do Campo, o Setor de Pós-Graduação da Faculdade de Medicina do ABC e o Conselho Regional de Fonoaudiologia 2ª Região. As discussões apontaram para a necessidade de um seguimento mais rigoroso dos pacientes em uso de espessantes, considerando as particularidades de suas doenças. Por isso, é essencial a participação de fonoaudiólogos, médicos e nutricionistas na indicação e prescrição do espessante alimentar.
 
Muitas discussões ainda se fazem necessárias para sanar as dúvidas em torno do assunto. É imprescindível a discussão entre fonoaudiólogos e demais profissionais da equipe em busca de respostas para garantir assistência ao paciente disfágico com segurança, qualidade e dignidade.
 
Fonte: ERCOLIN, B; SIQUEIRA, C. Revista Comunicar. Ano XIII, núm. 55, out-dez de 2012
 
 

2 comentários:

  1. Gostaria de saber se você tem algum artigo sobre o assunto. Gostaria de mais informações sobre esse tema. Obrigada

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    1. Infelizmente não existem muitas publicações relacionando o fonoaudiólogo à prescrição de espessante alimentício. Você encontrará o tema disfagia e espessantes mais relacionados a área de nutrição.

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