quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

O que é anquilose temporomandibular?

Por Sabrina Leão
 
A articulação temporomandibular (ATM) é uma das articulações mais complexas e dinâmicas do corpo humano. Trata-se de uma articulação bicondilar, tornando-se portanto, capaz de realizar movimentos diferentes bilateralmente, porém com dinâmica de unidade. Como se trata de uma articulação bilateral, o comprometimento de um dos lados, limita a funcionalidade do outro. Prejuízos ao funcionamento dessa articulação, influenciam negativamente na execução das funções orais, principalmente a mastigação, função esta totalmente dependente dos movimentos mandibulares.

A anquilose da ATM é uma alteração que limita os movimentos mandibulares e consequentemente as funções fisiológicas de mastigação, deglutição e fonação.

O termo anquilose vem de aderência em articulação. Devido à aderência na articulação temporomandibular, os movimentos mandibulares tornam-se limitados ou  impossibilitados. A gravidade da anquilose depende do tipo e extensão da lesão, período da vida do paciente em que ocorreu (devido a possibilidade de interferência no processo de desenvolvimento craniofacial) e o tempo transcorrido sem tratamento.

É encontrada mais frequentemente em crianças e adultos jovens, o que resulta em alterações severas no crescimento mandibular devido a destruição do centro primário de crescimento localizado na fribrocartilagem do côndilo mandibular. Com isso, o aspecto facial do indivíduo apresenta micrognatia e acentuada assimetria mandibular, com desvio do mento para o lado afetado e achatamento do lado não afetado.

A abertura da boca apresenta grande limitação, podendo variar de 5 a 10 milímetros. Como a anquilose é assintomática e sem dor, o que geralmente leva o paciente a buscar tratamento é a dor de origem dental, pois, devido a limitação na abertura da boca, o paciente pode desenvolver problemas periodontais, cáries e raízes dentárias residuais a longo prazo.

A anquilose é caracterizada pela impossibilidade de abrir a boca dentro dos limites considerados normais. É classificada em verdadeira ou falsa, de acordo com sua localização:
Anquilose verdadeira ou intra-articular (intra-capsular): ocorre devido à  fusão dos ossos de uma articulação móvel por tecido ósseo ou fibroso. É o tipo mais comum. Ocasiona a limitação total ou parcial da abertura bucal. Tende a transformar-se também em extra-articular a longo prazo.
Anquilose falsa ou extra-articular (extra-capsular): acontece devido a rigidez das estruturas que rodeiam a articulação.

Pode ser classificada também em relação ao tipo de tecido encontrado:
Fibrosa: geralmente extra-articular, a limitação dos movimentos da mandíbula é por formação de bridas de origem cicatricial ou muscular.
Óssea: representa a união da cabeça da mandíbula com o osso temporal, com a substituição da ATM por massa óssea, resultando em ausência total de movimentos mandibulares.
 
A anquilose pode apesentar como possíveis causas: fraturas condilares diretas ou indiretas; artrites reumáticas; quadros infecciosos e inflamatórios mandibulares ou articulares graves; disseminação de infecção e causas congênitas.
 
O paciente anquilosado apresentará alterações em seu crescimento e desenvolvimento craniofacial, podendo apresentar micrognatia e assimetria de face (quando a anquilose for unilateral). Quando a anquilose é bilateral, após a remoção cirúrgica da região anquilosada,  pode surgir a mordida aberta anterior, devido à perda bilateral de altura posterior do ramo ascendente da mandíbula, modificando a situação oclusal e abrindo a mordida anteriormente.
 
A anquilose apresenta um prognóstico muito reservado, podendo trazer um grande comprometimento psicológico e social ao paciente, devido às alterações funcionais e estéticas acentuadas.
 
Tratamento: Cirúrgico (excisão adequada e ressecção da anquilose) e reabilitação fonoaudiológica após a cirurgia, com objetivo de recuperar a amplitude dos movimentos mandibulares.

Bibliografia consultada:
LUZ, J.G.C. Alterações temporomandibulares e sintomatologia. In: BIANCHINI, E.M.G. Articulação temporomandibular: implicações, limitações e possibilidades fonoaudiológicas. Vol. 1. Ed. Pró-Fono. Barueri, 2010.
MAZZETTO, M.O. Disfunções das articulações temporomandibulares. In: FELÍCIO, C.M. TRAWITZKI, L.V.V. Interfaces da medicina, odontologia e fonoaudiologia no complexo cérvico-craniofacial. Vol.I Ed. Pró-Fono. Barueri, 2009.
MENDONÇA, JCG et al. Enxerto costocondral em anquilose de ATM pediátrica: relato de caso. Rev. Cir. Traumatol. Buco-Maxilo-Fac., Camaragibe v.11, n.3, p. 49-54, jul./set. 2011
MARZOTTO, SR; BIANCHINI EMG Anquilose temporomandibular bilateral: aspectos fonoaudiológicos e procedimentos clínicos. Rev CEFAC, São Paulo, v.9, n.3, 358-66, jul-set, 2007

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