A eletroterapia transcutânea
(TENS) vem sendo aplicada em vários tipos de tratamento de saúde e consiste no
uso de correntes elétricas dentro da terapêutica. Na forma transcutânea, os
eletrodos são aplicados diretamente sobre a pele e o organismo será o condutor.
Nos últimos anos houve grande evolução no conhecimento dos efeitos fisiológicos
de correntes terapêuticas.
Em geral, a finalidade do TENS
é gerar analgesia. Outras formas de chegar ao mesmo efeito são a
eletroestimulação funcional (FES) e a eletroestimulação neuromuscular (EENM).
Todas são de baixa frequência e tem um objetivo comum: produzir efeitos no
tecido tratado, obtidos por meio de reações físicas, biológicas e fisiológicas
do tecido.
As correntes podem atuar em
diferentes condições e promover analgesia, contrações musculares, melhoria do
fluxo circulatório local, drenagem de líquidos, tonificação ou relaxamento
muscular, bem como incentivar a regeneração e a cicatrização de diversos tecidos
corporais.
Para o fonoaudiólogo Bruno
Guimarães, um dos pioneiros na utilização da eletroestimulação no Brasil, a
fonoaudiologia é uma ciência que estuda tanto aspectos orgânicos quanto
funcionais e, por isso, cada vez mais, busca o uso de técnicas existentes em
outras áreas. Ele explica que outros campos do conhecimento já desenvolvem
estudos de mais de 60 anos de prática e comprovação bibliográfica. Essas
pesquisas mostram a importância desse recurso para aliviar tensões e dores,
facilitar os movimentos articulares e a contração muscular, melhorar o
condicionamento muscular, favorecer a drenagem linfática na estética, entre
outros.
Bruno Guimarães lembra que,
como em toda terapia, o uso da TENS também tem prós e contras. “Existem
pacientes que podem ou não ser estimulados. É assim na fisioterapia, na
odontologia, na terapia ocupacional, na educação física, na medicina”, explica
o fonoaudiólogo. Ele acredita que não deveria haver tanta polêmica em torno do
uso dessa técnica nas clínicas fonoaudiológicas relacionadas com disfagia,
disfonia, motricidade oral e disfunções temporomandibulares (DTM).
“Alguns trabalhos científicos
mostram que a eletroestimulação pode ter excelentes resultados em relação ao
tratamento da disfonia. Tradicionalmente são usadas técnicas de relaxamento
cervical e laríngeo, buscando-se o equilíbrio da musculatura da laringe no
fechamento glótico. Vários autores recomendam que o relaxamento laríngeo seja
priorizado nos casos de disfonia por tensão muscular. Nesse contexto, a estimulação
elétrica nervosa transcutânea (TENS), além da analgesia, promove melhora da
vascularização na região da aplicação e auxílio no relaxamento muscular,
podendo ser utilizada do tratamento da disfonia por tensão muscular.
Relacionando a
eletroestimulação ao tratamento da disfagia, os resultados apresentados pela
bibliografia internacional demonstram se tratar de uma técnica que apresentava
vantagens e desvantagens, como qualquer uma das conhecidas até hoje e usadas
largamente pelos fonoaudiólogos.
Bruno Guimarães afirma que
“usar eletroestimulação requer habilidades e conhecimentos tais como:
princípios da eletrofisiologia; parâmetros como pulso de frequência, duração de
pulso, amplitude, ciclos e rampas; saber alterar um parâmetro capaz de afetar o
resultado do cliente; avaliar e gerir disfagia e disfonia, DTM; os padrões de
recuperação neuronais; compreender a fisiopatologia completa do cliente;
diagnosticar com precisão problemas como sincinesias, espasmos e hipertonia;
identificar contraindicações para o uso e monitorar resultados adversos”.
Como toda técnica “nova”, a
eletroterapia transcutânea precisa ser mais estudada e testada para que seu uso
seja feito em conformidade com cada paciente.
Fonte: Revista Comunicar – Ano
XIII, no 55 – out-dez de 2012.
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