quarta-feira, 7 de julho de 2010

A voz e as emoções

Existe uma relação evidente entre a voz, a personalidade e o estado emocional. Seria banal afirmar que a voz é a emanação da pessoa, que ela traduz as emoções mais tênues. A voz pode ser submersa, invadida a ponto de ser impedida no seu funcionamento.
    
Por outro lado, uma voz que não funciona, ou que não funciona mais, deixa a pessoa truncada, ela perde parte de sua identidade.
    
A voz, a pessoa e as emoções tem partes ligadas e entram em uma escala, portanto se eu estiver bem, minha voz está boa.
    
A voz pode ser encarada como um meio que libera emoção, apoderando-se para dizê-la, senti-la, canalizá-la, dividi-la, dar-lhe forma, conteúdo expressivo e para modulá-la.
    
A emoção é algo rico para a voz, a faz viver, fornece-lhe um sentido, um conteúdo, a colore, a torna criadora.
    
A voz enriquece, desabrocha a emoção colocando-se a seu serviço.
    
Emocionar-se significa ir em direção ao externo. A voz intervém para acolher a emoção, prolongá-la. Ela a enriquece emprestando-lhe um suporte que a libera.
    
Em muitos casos, trabalhar a voz é o ponto de partida de uma remodelagem da pessoa. Uma voz que funciona livremente, que reencontra suas potencialidades, acalma, dinamiza inteiramente a pessoa.
    
A voz torna-se campo privilegiado de uma tomada de consciência de si mesmo. O trabalho vocal torna-se ocasião de entrar em contato consigo mesmo.  Ao desbloquear a voz, abre-se uma nova perspectiva e descobre-se um novo ser. Um corpo livre produz uma voz livre, uma voz liberada harmoniza-se com o corpo e desprende o espírito.
 
FONTE: Françoise Estienne (2004)

2 comentários:

  1. estou voltando a cantar depois de sete anos. Esse texto veio ao encontro do que tenho sentido, pois estou justamente tentando unir voz e emoção, e entender os significados e desdobramentos disso. Gostei muito.

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