Nada pior para um gago do que ter que falar em público.
Como não teve outra saída, o rei teve que superar suas
dificuldades.
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Ontem assisti ao filme “O discurso do rei” e fiquei encantada! Não havia lido a sinopse, por isso, acabei me surpreendendo com a história do rei do George VI, pai da rainha do Reino Unido, Elizabeth II.
O filme já começa de uma forma bem interessante. O personagem, na época ainda príncipe, tem a terrível missão de discursar para uma multidão. Como era extremamente gago o discurso acaba sendo um verdadeiro desastre!
O rei era gago desde os quatro anos, época em que se traumatizou com os maustratos da própria babá (traumas podem muitas vezes ser fatores determinantes para a gagueira), tornando-se um adulto inseguro e infeliz.
Por ser uma realeza, não tinha como escapar dos compromissos públicos e dos tão temidos discursos. Assim, buscava desesperadamente ajuda especializada. Como a história ocorreu em meados da década de 1930, é claro que as técnicas vocais utilizadas na época ainda eram muito rudimentares. Essas técnicas a que o ilustre gago era submetido hoje seriam vistas como totalmente ineficazes. Foi o caso de ler em voz alta com a boca cheia de bolinhas de gude. Outras orientações seriam hoje consideradas totalmente absurdas como “fumar para ajudar a relaxar a laringe”. É evidente que técnicas como essas só poderiam fracassar.
Quando já estava sem esperanças, o rei consulta-se com o “terapeuta da fala” Lionel Logue. As cenas seguintes retratam a terapia realizada. Técnicas respiratórias, exercícios com fala ritmada, voz cantada, alongamentos, trabalho com palavras isoladas, logatomas, trava-línguas, entre outros. Todas essas técnicas são atualmente utilizadas rotineiramente por fonoaudiólogos, pois tem sua eficácia comprovadíssima! Os eficientes exercícios utilizados por Lionel eram considerados pouco convencionais na época. Isso é o mais engraçado.
A história não fica somente focada em seus momentos de terapia e em sua melhora na fala. O mais importante é perceber através deste filme, que ser gago pode muitas vezes significar fracasso, insegurança e fragilidade, enquanto que ser um bom orador pode significar sucesso, segurança e força.
O terapeuta Lionel esteve ao lado de seu paciente em todos os discursos ao longo da vida. Mostrando como que o gago pode sim falar bem, mas não por estar totalmente curado, e sim porque a gagueira está controlada através do acompanhamento pofissional. É como dizem os fonoaudiólogos: “Gagueira não tem cura, tem tratamento.”
Na verdade, o foco principal do filme é a retratação da vida de um rei vivendo um drama comum. A amizade entre o rei e seu terapeuta dá um toque a mais ao filme. Uma amizade sincera, impossível de acontecer se não fosse a relação de confiança que se estabeleceu entre os dois.
Por Sabrina Leão
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