quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Prognatismo e retrognatismo: que alterações miofuncionais observamos?

Por Sabrina Leão
 
Alterações ósseas e dentárias grandes ou até mesmo pequenas podem interferir nas funções orais (mastigação, deglutição, fala e respiração). A saúde oral, a ATM e as funções orais também podem ser comprometidas, assim como a estética facial do indivíduo. As alterações dentofaciais apresentam características distintas. É o que podemos observar no prognatismo (Classe III) e no retrognatismo (Classe II).
 
Retrognatismo
 
A característica mais evidente no retrognatismo é o vedamento anterior (lábio inferior ocluindo com os incisivos superiores) e músculo mentoniano hiperfuncional.
A produção dos fonemas bilabiais (p, b e m) é realizada com o lábio inferior em contato com os incisivos superiores. As sibilantes S e Z estão distorcidos, acompanhados de deslize mandibular anterior.
Em repouso, a língua permanece com a ponta abaixada e dorso elevado devido ao espaço reduzido. Essa elevação altera a posição do palato mole também, pois, ao elevar-se a parte posterior da língua, a mesma acaba encostando no palato mole, elevando-o.
 
A mastigação é rápida, com reduzido número de ciclos mastigatórios, o que consequentemente compromete a deglutição. “A deglutição apresenta deslize mandibular anterior acompanhado de movimento póstero-anterior de língua e hiperfunção da musculatura peri-oral forçando o vedamento bucal anterior.” As disfunções da ATM nesse caso também são frequentes, portanto, é comum o surgimento de estalos e dor durante a mastigação.

Prognatismo
 
No prognata, a mandíbula é maior e mais profunda, por isso a língua ocupa o espaço inferior, ficando plana no soalho da boca. Por isso, a base da língua acaba ficando hipotônica, em posição mais baixa, sem tocar o palato mole. Esse palato mole, portanto, acaba ficando mais verticalizado.
Não há um vedamento labial adequado, principalmente quando associado a aumento do terço inferior da face, havendo hipotonia de lábio inferior e hipertonia de mento.
Na fala, há um maior uso do lábio superior, principalmente nos fonemas bilabiais (p, b e m) e fricativos (f e v), ocorrendo inversão do movimento labial (lábio superior ocluindo com os dentes incisivos inferiores). Nos linguo-alveolares e sibilantes, aparece utilização da parte média da língua e interposição dental anterior.
 
Na mastigação no sujeito com esse tipo de desproporção, prevalecem os movimentos mandibulares verticais, com grande utilização do dorso da língua amassando o alimento contra o palato e pouca ou nenhuma participação dos bucinadores. A força da mordida é diminuída, além disso, é necessário um maior número de ciclos mastigatórios para conseguir triturar o alimento. Como a mastigação no prognata é muito comprometida, esse paciente aponta a melhora da mastigação como um dos principais motivos para a realização da cirurgia ortognática.
 
A deglutição também é alterada, apresentando interposição lingual anterior. Apesar de ser uma alteração, esse posicionamento lingual não é tão preocupante, pois, tal maneira de deglutir não piora a oclusão do paciente. É impossível corrigir esse posicionamento de língua apenas com a reabilitação miofuncional oral. Para o reposicionamento é necessária a cirurgia ortognática, modificando a posição da sínfise mentoniana.
 
Bibliografia consultada: MARCHESAN  IQ, BIANCHINI EMG. A fonoaudiologia e a cirurgia ortognática.

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