A inter-relação entre as estruturas que formam o sistema estomatognático e executam suas funções podem levar a processos compensatórios. Estes processos são regulados por mecanismos de feedback existentes entre as estruturas ósseas e musculares. Portanto, após a cirurgia ortognática estas estruturas faciais podem sofrer mudanças no mecanismo de retroalimentação proprioceptivo, em especial as estruturas periodontais, alterando a atividade muscular.
O fonoaudiólogo tem um importante papel junto à equipe de cirurgia ortognática, pois ajuda no direcionamento da reorganização neuromuscular necessária para a execução harmônica das funções estomatognáticas após o procedimento cirúrgico.
Após a conclusão do planejamento operatório, as condições da musculatura orofacial podem ser modificadas com o propósito de auxiliar a manutenção da estabilidade pós-cirúrgica, diminuindo os riscos de recidiva ou instalação de quadros de disfunção craniomandibular.
A avaliação miofuncional orofacial deve ser realizada nos períodos pré e pós-operatório, com o objetivo de colher dados sobre a história clínica e condições anátomo-funcionais do sistema estomatognático, possibilitando a observação dos mecanismos utilizados pelo paciente e a presença ou não de maus hábitos orais.
A análise dos aspectos morfológicos, realizada através do estudo cefalométrico considera as características dento-oclusais, simetria, proporção e tipologia facial, pois tais aspectos são determinantes para as funções orais.
A reabilitação fonoaudiológica nos casos de cirurgia ortognática é impressindível pois, a incorreta readaptação muscular neste período compromete o desempenho das funções estomatognáticas assim como a estabilidade dentofacial. Portanto, este paciente deverá submeter-se a reavaliação miofuncional oral de vinte a sessenta dias após a cirurgia.
A reavaliação miofuncional oral será igual a avaliação pré-operatória, porém o fonoaudiólogo neste momento leva em consideração a presença de edemas, tempo e tipo de bloqueio intermaxilar (BIM) a que o paciente foi submetido. Tais fatores podem trazer alterações significativas de mobilidade mandibular e da musculatura orofacial, além de alterações da sensibilidade.
Após a cirurgia, o paciente apresenta redução da mímica facial e fala imprecisa, decorrente do medo de sentir dor. Há perda da sensibilidade nas regiões da mucosa vestibular e labial, podendo influenciar na postura dos lábios, repouso e execução das funções orais.
No período de utilização do BIM o tratamento tem como objetivo desenvolver a exterocepção e propriocepção da região orofacial, sendo que há uma dificuldade no controle muscular, prejudicando a postura labial e o controle de saliva e deglutição de líquidos.
Após a retirada do BIM, objetiva-se a promoção do alongamento da musculatura responsável pela mobilidade mandibular e mímica facial; adequação da tonicidade muscular das estruturas envolvidas nas funções orais; introdução de novas texturas alimentares e adequações dos padrões atípicos de mastigação, deglutição e fonoarticulação.
Destaca-se a importância da avaliação e acompanhamento vocal destes pacientes, pois, o procedimento cirúrgico pode alterar o posicionamento do osso hióide e, consequentemente, da laringe no pescoço, alterando a vibração das pregas vocais. Dá-se nestes casos, especial atenção aos pacientes que utilizam a voz profissionalmente.
O fonoaudiólogo atuante na reabilitação das desproporções maxilomandibulares deve ter profundo conhecimento de anatomia e fisiologia do sistema estomatognático, assim como dos procedimentos cirúrgicos e ortodônticos a que o paciente de ortognática é submetido. As avaliações miofuncional orofacial e vocal devem ser um processo contínuo, para que seja possível o estabelecimento das relações funcionais e terapêuticas adequadas à forma com a qual as estruturas moles deverão se relacionar nas fases pré e pós do tratamento ortodôntico-cirúrgico.
Ola.
ResponderExcluirGostaria de uma informação.
Eu preciso fazer a cirurgia ortognatica classe 3 e estou preocupado.
Sou cantor e canto atualmente em um quarteto gospel masculino fazendo a voz mais aguda, o 1° tenor. Minha preocupação é em saber se terei alterações na voz, principalmente no alcance de voz aguda ou grave.
É possivel uma orientação nesse sentido?
Obrigado,
Geison
Já lí alguns artigos científicos que relacionam alterações severas de oclusão com problemas vocais. Mas isso quando não tratadas. Nunca lí nada falando sobre possíveis prejuízos a voz após uma cirurgia ortognática. Pelo contrário. Se hoje devido a sua oclusão classe 3 você apresenta dificuldades de mastigação, deglutição e fala, você pode ter certeza de que após a cirurgia essas funções serão executadas de uma forma muito mais fácil e suave. Afirmo para você que seria muito bom um acompanhamento fonoaudiológico no seu pós-cirúrgico, a fim de garantir uma recuperação mais rápida e um resultado funcional mais satinfatório. Obrigada pela visita!
ExcluirOla...já fiz duas ortognaticas, a ultima tem quase 1 ano...nao fiz fono, apenas os exercicios que o cirurgiao passou...mas ainda nao consigo selar os labios sem grande esforço! Gostaria de saber se eu iniciar fono agora, ainda dara algum resultado?
ResponderExcluirtenho bastante problema na fala ,falo mt errado ,gostaria de saber como e a cirurgia do piteleco na lingua
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